Domingo estava vendo Café Filosófico, que falava sobre as técnicas do amor no século XXI (se bem que não sei se para tal assunto, existem técnicas...mas enfim..).
E entre as idéias do Marcelo Coelho, teve uma que me chamou a atenção e que eu fiquei pensando sobre um bom tempo.
Ele fez uma analogia entre a academia de ginástica e as fábricas durante o processo de especialização do trabalho, com o trabalhador alienado repetindo os movimentos incansavelmente (lembrem do Chaplin em Tempos Modernos e das idéias de Marx*) sendo substituído pelos homens e mulheres pós-modernos do séc XXI que dia-a-dia puxam ferro, onde o exercício de hoje é praticamente igual o de ontem e será o mesmo que o de amanhã. Estamos ai na esfera da produção de mercadorias- no caso, a nossa própria imagem, se tornando um produto.
Mas ele vai mais longe, discutindo além da esfera da produção, a esfera da distribuição das mercadorias, onde a tecnologia é fundamental. O orkut e afins sendo os grandes meios de marketing, onde expomos as mercadorias fabricadas, onde exibimos o resultado de nossa luta para nos tornármos desejáveis ao outro. Uma grande vitrine onde há produtos para todos os gostos, embora os gostos fiquem cada vez mais homogêneos, com padrões de beleza que atormentam a grande maioria que nele não se encaixa.
A gente está procurando o amor em relacionamentos cada vez mais efêmeros, onde os romances acabam na mesma velocidade em que começam, acompanhando a maioria das relações sociais desse início de século.
Eu sei que ficar filosofando muito é meio pirante, mas a gente não pode deixar de pensar nessas questões filosóficas/sociológicas que o mundo contemporâneo acarreta. Vale lembrar que o mundo moderno começa a se formar com a Revolução Industrial, no século XVIII, em menos de 300 anos aconteceram muitas mudanças e de forma muito rápida comparada aos 1700 anos anteriores. É muita coisa, e nós precisamos entender isso...
*Marx é meio difícil, apanhei bastante dele no início, mas se vc insiste um pouquinho, ele traz ótimas surpresas. O cara foi um gênio, e não falo isso de forma militante. Ele simplesmente trabalha com conceitos fundamentais para se entender um monte de coisas. Se alguém se interessar em começar a ler, eu sugiro o texto Trabalho Alienado e a Propriedade Privada, que está nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos. Se gostar (e espero que gostem!) leia também A Ideologia Alemã (um dos melhores livros que já li!) e é claro, O Capital (foda também).
Fiz uma descoberta literária (descoberta, porque eu não conhecia....) que queria dividir com vocês, a Andréa Del Fuego, da nova safra de escritoras brasileiras. Essa mineira ainda vai dar o que falar...=)