O mocinho dessa história usa um chapeuzinho de palha, daqueles que se usavam na década de 20 e tem um olhar distante e meio triste.
Ele sempre me intrigou! Desde a primeira vez que o vi, isso faz mais ou menos um ano.
Ele era a imagem que eu tinha daqueles poetas da segunda fase do romantismo, aquela ultra-romântica, onde se sofria do mal do século, com aquela tristeza profunda, quando muitos poetas morriam de tuberculose(!!) [mesmo sabendo que isso se deu bem antes da década de 20]. E isso me deixava mais intrigada.
Ficava imaginando no que ele pensava, o que escrevia (se escrevia), como era sua vida...A figura realmente me encantava!
Pensava que ele devia ser assim porque fazia filosofia e de tanto pensar no mundo, desacreditou de tudo!
Toda vez que o via passando, montava uma história diferente para ele, ficava viajando que ele tinha sido abandonado pela amada (que coisa mais piegas! mas eu pensava!), que ele era um típico boêmio que passava as noites filosofando em algum bar cult por aí...
Isso durante quase um ano. Sem nunca ter trocado uma palavra com ele. E logo vos aviso que não paixonite, pois eu nunca era personagem das histórias que eu inventava para ele, era o chapeuzinho que me chamava atenção!
Semana passada encontrei com ele na Assembléia Geral dos Estudantes da USP, ele estava sentado do meu lado! Imagine! Isso nunca mais ia se repetir! Eu tinha que testar minhas teorias!
Tomei coragem e falei com o moço do chapéu (o nome dele é Fábio, posso falar porque tenho certeza que ele nunca vai ler isso...), disse que fazia um ano que aquele chapéu me intrigava, que eu ficava viajando, inventado um monte de teorias para o olhar perdido dele (certeza que ele me achou meio pancada, mas tudo bem). E ai toda a minha mirabolante imaginação foi puxada de uma só vez para o mundo real.
O Fábio apenas gosta de chapéus, faz geografia (mas eu juro que ele vive no prédio de filosofia, que é o de sociais, portanto o meu também! Segundo ele, isso se explica pelo fato de ter muitos amigos que fazem filosofia... o que é uma pena, pois eu acho filosofia muito mais charmoso que geografia) e é uma pessoa normal, muito atencioso por sinal (deve ter ficado com pena, diante da minha cara de decepção).
Ganhei um novo colega (não gosto dessa palavra, mas fazer o que, se ele ainda não é amigo?), mas tenho a sensação de que preferia quando eu tinha um poeta com inspirações tuberculosas ou suicidas para ser personagem das minhas viagens!
PS: Gente valeu pelos parabéns! Brigada mesmo!
Luisa! lembro de um outro comentário seu, em que vc dizia que estava fazendo um blog! Se tiver feito, deixe eu link para eu passar lá também! =)
Márcio querido, mudei a idade! Demorei porque estava sem coragem...Tive que mudar os dois números! passei 9 anos mudando um só...É uma experiência traumatizante...
beijos!